Wednesday, April 28, 2010

O conflito do conflito

Não sei se é coisa de ocidental, brasileiro, judeu, ou mesmo particularidade da minha família, mas cresci aprendendo que conflito é ruim e deve ser evitado. Pra mim sempre foi lógico assim como 2+2=4 que conflito é coisa ruim. E não tem discussão.

Acho que isso influenciou demais a minha formação e me fez uma pessoa “da paz”, que muitas vezes cede, e sejamos sinceros, engole sapo, pra evitar a discussão. O resultado é que acabo me afastando ou nem mesmo me aproximando de algumas pessoas por conta das diferenças, que provavelmente poderiam se dissolver caso fossem conversadas.

Cada vez mais percebo como essa verdade absoluta (assim como muitas ou todas as outras verdades), nao são tão verdadeiras assim. E que a verdade verdadeira é que uma boa dose de conflito pode é resolver muitos problemas e, por mais contraditório que pareça, aproximar pessoas.

Entre casais isso é bem óbvio. Cada um engole seu sapo pra preserver a relação, mas não tem jeito. A relação sente cada sapo engulido, que fica armazenado no fundinho da cabeça só esperando a hora certa de aflorar com força total. E nesse meio tempo o resultado é o distanciamento do casal culminando numa briga das boas que, quando resolvida, potencializa o amor entre os dois. Não é a toa que muita briga acaba em sexo...

Que fique claro que eu não tô advogando pela extinção das papas na língua, pois também ninguém aguenta ficar numa relação que tem conflito o tempo todo. Mas é bom ficar de olho aberto e fazer uma decisão consciente entre falar e calar.

O ambiente de trabalho é um outro ótimo exemplo. Cada vez que eu vejo algo que não concordo tenho a opção de deixar passar, ou de ser sincera, encarar a situação (muitas vezes difícil!) e botar pra fora. Nesses meus ano e meio no Google, nada foi mais gratificante do que a reação de alguém após receber uma crítica, e a sensação de que aquilo vai ajudar o seu desenvolvimento. Falar é sempre uma dificuldade tremenda pra mim. Fico ensaiando as palavras com o maior cuidado, mas quase sempre quanto mais sincera eu sou, melhor o resultado.

Na família que o bicho pega. A famiília não tem as mesmas regras de conduta estruturadas de uma empresa e também não tem uma linha de raciocínio parecida com a sua que normalmente se encontra no companheiro. Tudo é muito pessoal e distorcido. Parece que as regras da vida lá fora não se aplicam à família, é tudo um paralelo. Justamente no ambiente que se deveria sentir mais seguro, onde o amor é incondicional, onde não se pode ser demitido ou divorciado, é que é mais difícil ser sincero e encarar os conflitos. Não sei se é receio ou se é preguiça e uma falta de esperança que as pessoas podem mudar. Sei lá.

Enfim, vou tentando. E por favor me critiquem se me verem engolindo sapo!

Tuesday, April 20, 2010

Obrigada!

Povo, voltei!! Hoje fazem quatro semanas que sofri o acidente snowboarding, e após cirurgia, semanas de gesso e uma sessão de fisioterapia (que irá continuar pelos proximos meses), já estou bem melhor, independente e quase tão veloz no teclado como antes.

É claro que foi um saco ter quebrado os dois pulsos. Num minuto eu tinha a vida planejada: vinhozinho após o ski, quem sabe um pulinho no hot tub pra relaxar os músculos, seguido por um jantarzinho gostouso em ótima compania. Três dias daquilo, depois de volta a SF pra rotina do trabalho, algumas viagens em vista, coisas mil pra resolver em casa, tudo i-m-p-r-e-s-c-i-n-d-í-v-e-l.

Aí, derrepente, no minuto seguinte, um tombo de mau jeito vira tudo de cabeça pra baixo. A descoberta de quão virada a cabeça estava foi gradual. Primeiro a realização que tava doendo e tinha algo errado. Depois a notícia que eram dois pulsos quebrados. E finalmente a constatação que seriam semanas de múmia, com os dois bracos imobilizados.

Aos poucos eu fui descobrindo o que dois braços imobilizados significavam. Pensa no que voce fez nos últimos 5 minutos…. Então, provavelmente se tivesse com os dois braços imobilizados não teria feito. Ou pelo menos teria feito diferente, com o pé, sei lá. Enfim, a moral da história foi que todos os meus planos importantíssimos foram por água a baixo, as prioridades e possibilidades mudaram, e eu virei uma pessoa 100% dependente dos outros. E é claro que isso foi um saco.

Mas não posso deixar de dar uma de Poliana, porque que teve um ladinho bom, teve. Dei muuuita risada com o Lucas. Nosso casamento adiantou uns 5 anos com o tanto de intimidade que ganhamos. Novamente, pense em tudo que voce precisa da mão pra fazer: se vestir, escovar os dente, fazer rabo de cavalo, segurar o potinho pro exame de urina e outras coisitas mais. O Lucas fez tudo. E com o maior amor. Não tenho como agradecer a paciência e carinho que ele teve, que só me mostraram mais uma vez como eu sou sortuda de ter fisgado esse homem.

Depois teve a estadia na casa da minha irmã, que cuidou de tudo pra que eu tivesse o maior conforto, preparou comidas maravilhosas, me emprestou suas mãos também, e mais uma vez me fez sentir querida. Sem contar a curtição com os sobrinhos que queriam escrever no meu gesso a qualquer custo, ou fazer “calinho no dodói da tia Ba”.

Virei criança de novo nos braços de mamãe que ficou realizada por poder me dar banho igual quando eu era pequena. E teve também cartões, flores e chocolates do pessoal do trabalho, paparico ao vivo de cunhado, pais do cunhado, amiga de infância, além é claro da força da família e amigos a distância, todo mundo querendo cuidar, ajudar e ver minha recuperação.

Sei que temos que saber viver sozinhos, e que se estivermos bem com a gente mesmo as coisas dão certo, bla bla bla. Mas na hora do aperto o importante mesmo é o apoio daqueles que nos amam. E isso eu tive de montão.

Então eu queria mesmo dizer a todos que estou bem, e deixar aqui registrada a minha gratidão pelo amor, carinho e é claro, paparicos de todos. Com certeza foi crucial pra minha recuperação, além de terem dado ótimas histórias pra muita risada no futuro.

Que bom estar de volta!