Wednesday, August 25, 2010

By the way...

Minha mãe me perguntou hoje que fim levou nossas conversas com os vizinhos, e eu me toquei que deveria comparilhar com todos.
Respondemos ao gesto fofíssimo deles com um thank you card e os convidando para tomar um vinho na nossa casa. Eles vieram na semana seguinte. Foi uma delícia. Os dois são super gente boa, tranquilos e divertidos. Ele trabalha com pós-produção de cinema, ela faz PhD em arquitetura.
Ele é judeu, ela não. Estão casando em duas semanas.
São da nossa idade e íntimos do gato que ronda nossa vizinhança. Inclusive nos alertaram que ele só come atum importado.
Enfim, acho que podem ser nosssos primeiros amigos de LA.
beijosssss

Race to Nowhere

Mais um do bons tratos do Google: um grupo chamado filmmakers at Google organiza eventos pra pessoas interessadas em cinema. Eu fico de olho na programação, e de vez em quando participo, como foi o caso ontem.

Assistimos o filme chamado Race to Nowhere. É um documentário produzido por uma ex-advogada de Wall street, mãe de três filhos, que resolveu tomar uma attitude perante situação muito difícil que estava impactando sua família, assim como a milhares de outras famílias americanas e em outras partes do mundo. Resolveu fazer um filme sobre o sistema de educação.

Sua filha pré-adolescente que era uma criança feliz e cheia de sonhos, derrepente começou a se fechar e perder o brilho nos olhos. Uma mudança tão profunda que certamente marcará sua vida pra sempre.

O filme mostra entrevistas com adolescents, pais, professores, psicólogos, médicos e especialistas do sistema de educação Americano. São 85 minutos de relato sobre a infelicidade de crianças e adolescentes, causada pelo stress a que elas são submetidas por professores, pais e toda a sociedade Americana.

Crianças de 5/6 anos são testadas varias vezes por semana. Adolescentes passam 7h por dia sentados na sala de aula pra chegarem em casa e enfrentarem mais 4 horas de dever, sob a pressão de serem reprimidos por seus pais, colegas e professores em caso de resistência à pesada carga de estudos que não deixa tempos pras elas brincarem e se descobrirem.

Essas crianças não tem a oportunidade de falhar. Muito pelo contrário, começam a competir desde cedo por uma vaga nas melhores universidades do país. O passaporte pra felicidade depende não somente de suas notas na escola que têm que ser perfeitas, mas também de sua performance em esportes, sua participação em atividades extra-curriculares, trabalho voluntário em suas comunidades, e a lista continua.

Essas crianças aprendem a fazer o que for preciso pra passar nos exames, incluindo colar nas provas ou deveres de casa, tomar litros de cafeína. Viram profissionais em decorar o conteúdo dos testes, só pra esquecer em menos de uma semana. Habilidades importantes como aprender a questionar os conceitos, aprender a arriscar e dar a volta por cima em caso de erros, criatividade, trabalho em equipe, nada disso é ensinado ou encorajado.

O resultado é não somente crianças e adolescente literalmente doentes, com insonia, anorexia e dores de cabeça crônicas devido ao stress, mas também indivíduos que deixam de seguir seus sonhos e vocações pra buscar um futuro desenhado por estranhos: o sucesso.

Mas afinal de contas, o que é sucesso? Nas escolas, sucesso é medido pelas notas. No mundo adulto, é medido pelo cargo, salário, carro. Mas onde fica a felicidade nessa história? Qual a ferramente usada pra medir felicidade? Estamos todos condicionados a buscar o sucesso determinado pela sociedade, como se todos fossemos iguais, tivessemos os mesmos dons e ambições, mas claramente esta não é a realidade. Estamos cada vez mais almejando o que os outros impoem, racing to nowhere.

Certamente essa realidade não se aplica a 100% das escolas ou famílias ou crianças, mas pelos comentários da produtora do filme, que ficou 2 anos pesquisando o assunto, é mais frequente do que podemos imaginar ou aceitar.

Dá um medo pensar só de pensar na possibilidade de ser mãe e ter que enfrentar isso tudo.

E aproveitando, um comentário não exatamente no mesmo tópico, mas que acho que tem uma boa conexão. Esse final de semana fui assistir o novo filme da Julia Roberts, “Eat, Pray, Love”, baseado no best seller de mesmo nome. Pra muitos que leram o livro, o filme foi decepcionante. Pra mim (que não li), foi excelente. É a história de uma escritora que começa a se desencantar com a vida e perde o contato com si mesma, portanto resolve largar tudo e passar um ano eating, praying and loving ao redor do mundo em busca do sentido de sua vida.

Acho que o assunto da escola e da educação em casa é grande responsável pela desconexão que alguns de nós temos com os nossos instintos, desejos, com o nosso particular significado de felicidade. Desconexão esta que se arrasta pela infância, adolescencia e vida adulta. Aqueles que tem coragem suficiente, largam tudo o que é secundário como trabalho, casa, rotina etc, pra buscar o básico: o conhecimento de si mesmo e a felicidade interior. Tem uma passagem do filme onde perguntam pra protagonista qual a palavra que melhor a descreve. Ela diz “escritora”. Os amigos retrucam: “escritora é a sua profissão, não o que você é.” Somos muito mais do que a nossa profissão ou conta bancária ou boletim.

Qual a sua palavra?

Ai, tô muito cabeça hoje...

Abaixo o trailer do "Race to Nowhere". Se quiserem saber mais sobre o filme, www.racetonowhere.com.

Beijos



Saturday, August 7, 2010

Gentileza tá fora de moda

Nesse mundo agitado e apressado de hoje em dia, sinto que cada vez mais as pessoas estão focadas em seus próprios objetivos, e em chegar lá o mais rápido possível. Seja no trabalho ou na vida pessoal, acaba sobrando muito pouco tempo pra dar uma desviada, olhar em volta e voluntariamente fazer coisas que não nos trazem um benefício diretíssimo ou que estão ligados aos nossos gols e ã lista de afazeres do dia a dia. Acho que resumindo, tá faltando tempo pra gentilezas.

Somado a isso, as relações estão cada vez mais virtuais. As pessoas se conhecem através de sites de relacionamento, mantém o contato por email ou facebook, fazem compras sem sair de casa, e por aí vai. Estamos cada vez mais auto-suficientes e nos desconectando das relações humanas.

Pois ontem fui supreendida muito positivamente com uma gentiliza old school e inesperada. Lucas tava saíndo de casa pra tirar o lixo e se deparou com um presente pra gente na porta de casa. Nosso novos vizinhos deixaram um vidro lindo de azeite e um cartão de boas-vindas. Um ato tão simples despertou coisas tãaao boas. Não só fiquei me sentindo muito bem vinda na vizinhança, com já gostei demais desses vizinhos. Quero convidá-los aqui pra casa, conhece-los melhor.


Talvez se a minha avó lesse esse texto, ela acharia sem sentido eu escrever sobre isso, pois talvez pra ela fosse tão óbvio que se um vizinho novo entra no prédio, nada mais natural do que dar-lhe as boas vindas. Porém atualmente as coisas estão diferentes. É a falta de tempo, mas também é quase estranho fazer um gesto assim pra alguém que não se conhecesse. É mai fácil ficar longe e manter o individualismo, ou no máximo mandar um email de boas vindas, ou uma mensagem no facebook. Mas escrever um cartão e colocar um presente na porta do outro acabou ficando muito fora de moda e quase estranho. Infelizmente.

Agora tô aqui pensando como retribuir. Não vou negar que me passou pela cabeça pedir o email deles pra gente combinar virtualmente um jantar aqui em casa, rs. Aceito sugestões…