Saturday, July 23, 2011

Why Amy?

Mais um grande talento, um presente pra humanidade que nos deixa rápido demais. Tanta arte por ser feita interrompida de maneira tão triste. Uma perda e sensação de que tanto ficou por fazer.


Fico pensando como ela devia ser infeliz e angustiada pra emburacar desse jeito. Se todos nós estávamos vendo onde tanto auto-abuso ia dar, ela também tava. A diferença é que só ela podia fazer algo a respeito. E não conseguiu.


Bom, espero que ela descanse em paz e finalmente encontre, onde quer que ela esteja, o sossego e harmonia que ela nunca teve por aqui.

RIP Amy!


Tuesday, July 19, 2011

O Braca é aqui!

Num post antigo eu comentei que aqui em Los Angeles é difícil socializar porque todo mundo passa tempo demais em seus carros, indo e vindo, chegando e saindo. A cidade é gigante e carro é considerado uma necessidade vital. Não tem quem não se espante quando eu digo que meu meio de transporte é bicicleta pois sou privilegiada de morar tão perto do trabalho.

O último final de semana ficou conhecido como Carmagedon (em referencia ao Armagedon). A principal estrada que cruza a cidade de norte a sul (405) e conta com tráfego de mais de 350.000 carros por dia foi fechada pra obras de sexta a domingo criando expectativa de um completo caos. Esse mega evento vinha sendo anunciado a meses. Não se falava em outra coisa e o povo realmente se planejou pra sobreviver a um final de semana sem a 405.

Tirar carro de Angelenos é como tirar praia de cariocas, rede de baiano e queijo de frances …. É estranho e amedronta. Mas como todo ser adaptável, os Angelenos também deram um jeito e sobreviveram ao Carmagedon. Aliás, sobreviveram muito bem. As ruas alternativas à 405 ficaram vazias e a cidade, famosa por seu trânsito caótico, parecia centro do Rio no final de semana. Deserto.

Mas o que fazer em um final de semana sem carro em LA? O branco inicial do povo foi aos poucos sendo substituído por opções inimagináveis por aqui: andar a pé! andar de bicicleta! andar de skate! não andar!! De uma hora pra outra a megalópolis parecia mais cidade de interior. As ruas estavam movimentadas com pedestres que se esbarravam e cumprimentavam. Foi tudo de bom.

Nesse clima provinciano, Lucas e eu fomos passear no bairro para onde queremos nos mudar e nos deparamos com um festival de comida. Tava um dia lindo, o lugar era o maior alto astral, vários caminhões-restaurante (food trucks), banda ao vivo, adultos, crianças, idosos, cerveja gelada, tudo de bom. Fomos presenteados e surpreendidos por aquilo tudo. Os Angelenos saíram da toca e foram aproveitar a vizinhança.

Lucas e eu sentamos pra almoçar numa mesa comunitária onde estava um outro casal. Começamos a conversar com os estranhos (o que por si só não é lá tão comum por aqui) e, papo vai, papo vem, as coincidências começaram a aparecer. Os dois eram de Chicago (onde eu morei por 2 anos) e a menina tinha estudado na mesma universidade que eu. Mais papo, e descobrimos que o cara era corretor de imóveis e trabalhava na mesma agência que a nossa corretora. Pra finalizar, os dois tinham se conhecido numa festa na casa de outro corretor do imóveis, que por sinal está representando o dono da casa que a gente tá tentando comprar. O nosso vizinho de mesa e esse corretor são melhores amigos! Me senti no Braca encontrando amigos de amigos da provincia do Rio.

Gente, pra colocar em perspectiva, LA tem quatro milhões de habitantes e Lucas e eu "conhecemos", talvez, uns 30. Nós não só encontramos um casal super legal que ainda por cima tinha uma mega conexão, como também arrancamos algumas informações privilegiadas sobre o vendedor da casa que estamos de olho! Tudo de bom.

Pode ser tudo ilusão da minha cabeça essa historia do Carmagedon ter influenciado o nível de sociabilidade dos Angelenos, mas o que interessa é que tiramos bom proveito. Que venha a próxima obra na 405!

Wednesday, July 6, 2011

A tipica historia da grama mais verde do vizinho

Eu tenho crise existencial. Não sempre, mas volta e meia ela me assombra e causa estrago. Aquelas duvidas que ficam mascaradas pela correria e prazeres e que quando a gente menos espera resolvem mostrar a cara, aparecendo sem aviso ou possibilidade de devolução. Tem uma me perturbando agora mesmo…


Mês passado teve um mega evento do Google, uma conferencia com mais de 3000 funcionários. Foram três dias de palestras, demonstrações de produtos novos, debates…e muito social. Um evento incrível, mas realmente MUITO social. Os participantes variavam do CEO a secretaria. Todos aqueles diretores bam-bam-bams que sempre se ouve falar estavam lá. O que significa uma oportunidade pra nós, simples mortais, mas também um dilema interno de como aproveitar essas chances únicas pra ser notado. No mundo corporativo (assim como em muitos outros mundos), não basta fazer direito, tem que ser notado.


Quem me conhece bem sabe que posso ficar horas a fio de papo se o assunto estiver interessante, mas não me coloca pra jogar conversa fora com estranho, ou fazer small talk ou networking como eles dizem aqui nos EUA. Falar sobre o clima, o jogo de futebol ou planos para a noite com pessoas que eu mal conheço não é o meu forte. Perdi a conta de quantas vezes fiz e respondi as mesmas perguntas pra dezenas de pessoas nesse três dias, e pra ser honesta, não sei repetir a resposta de uma só delas.


Em diversos debates que assisti e até cursos que já fiz sobre networking aprendi que teoricamente basta estar realmente presente em cada conversa pra que ela se desenvolva, supere a fase "small" e fique interessante. Mas pra mim isso é um desafio e tanto especialmente num ambiente corporativo, com pessoas que eu mal conheço e ainda por cima em inglês. Ao final de três dias eu estava simplesmente exausta de tanto me esforçar pra ser social, e frustrada por tanto esforço e nem tanto sucesso.


Aí veio a nuvem negra. Será que eu nasci pra isso? Tem gente que nasceu pra ser notado, que adora jogar conversa fora e sempre faz a multidão gargalhar. Tem outras gentes, como eu, que são gente mais ouvinte, que gosta de ir fazendo as coisas aos poucos e ser reconhecido pelo trabalho final. O ideal é um pouco de cada eu admito, mas até que ponto vale a pena forçar a barra pra alcançar esse ideal? Será que os ouvintes tem vez nesse mundo business-politico.


Não se assustem! Essa não e a primeira e, provavelmente, nem a última vez que a tal crise existencial marca presença. E por um lado é bom pra me manter atenta a minha felicidade e reconhecer que é tão difícil mudar por que a situação atual tem muitos prós. Já quase joguei tudo pro alto pra estudar teatro, pra fazer produção de cinema, pra ser professora, mas apesar da empolgacão inicial, a crise passa e as insatisfações ficam soterradas e abafadas pela felicidade das conquistas.


Pra falar a verdade não sei nem se tem essa tal de profissão certa ou se é uma questão de parar de pensar que a grama do vizinho é mais verde e aproveitar o que nossa realidade tem de bom.


Mas enquanto eu não descubro, vou aproveitando a abundância de informação e tecnologia pra aprender sobre outras coisas que acho interessante e experimentar aos poucos. Esse blog mesmo e um experimento, que sabe encontro meu jardim ideal.