Wednesday, February 24, 2010

A ditadura da TV

Quando nós da terrinha deixamos a pátria amada pra morar em outro país, acontece uma coisas muito estranha: tudo que tem Brasil no meio fica lindo e maravilhoso. Banda desafinada cantando MPB ao ar livre na maior friaca? Programão! Guaraná Kwat? Delícia! Primo do tio do amigo do cunhado da sogra de um conhecido vindo pra Sao Francisco? Pede pra me ligar! E por aí vai. Com a televisão não poderia se diferente.

Quando eu morava no Brasil, assinava a NET e raramente assistia a TV Globo pois achava triste (com algumas excessões como Casseta e Planeta, né Alê??). Mas desde que me mudei pros EUA, tem essa vozinha lá no fundo me empregnando pra assinar a Globo internacional. Finalmente sucumbi.

Ainda estou indecisa se a decisão foi acertada.

TV é um bicho estranho. Entra dentro da nossa casa e empurra conteúdo (ou falta dele) pra cima de nós sem o menor rigor. A gente fica ali parado consumindo aquilo que a emissora acha que vai dar IBOPE, e por mais que a tente controlar nossa reação, aquela mistura de sons e imagens tem um efeito nos nosso humor.

Esse domingo a combinação TV, tempo livre e Globo internacional foi bombástica. Lucas e eu resolvemos tirar o dia pra ficar de preguiça, que nunca é completa sem uma boa dose de TV. Quando ligamos na Globo, nosso welcome foi o infame “ô loco, meu” de dar arrepios. Se eu morasse no Brasil, provavelmente teria parado por aí mesmo e mudado de canal no ato. Mas voltando à questão inexplicável da falta de exigência pra tudo verde e amarelo quando na terra do tio Sam, resolvemos dar uma chance pro ex-gordinho. Nosso querido Faustão estava anunciando as atrações do Domingão, que incluía entrevista com Maria Gadú, uma cantora nova que me hipnotizou desde o primeiro contato. Foi motivo mais que suficiente pra aturarmos mais de uma hora de Faustão e suas Faustetes na espera da tal entrevista.

Maria entrou e começou a conversar com Faustão. Ou melhor, ele conversava. Ela não conseguia falar. O homem vidrou nos dentes da menina,e toda vez que ela abria a boca, ele interrompia: “ô loco meu, você devia tá fazendo propaganda de creme dental”. E achava muuuito engraçado. Uma cantora super revelação, menina de apenas 23 anos que já tem duas músicas bombando nas novelas vai no programa, e o Faustao se limita a fazer piadinha sobre seu sorriso. Eu ali curiosa pra saber como ela chegou lá, sua história, sua personalidade, mas ele não dava trégua: só falava do creme dental. Nem pasta de dente era. Dá pra acreditar que esse é um dos maiores salários da Globo, e que o “domingão”está no ar desde 1989 e tem até página na Wikipedia?

Enfim, meu material pra esse blog estava só começando. Depois do Faustão veio o Fantástico, e com ele matérias hilárias de tão surreais. Foi um bloco inteiro cobrindo um caso gravíssimo no carnaval do Rio, duas meninas se beijando na rua. Fala sério: tá cheio de pivete assaltando os foliões, gente fazendo xixi nas calçadas, briga de marmanjo. Até gente jogando lixo na rua é mais grave que duas meninas se beijando. Não sei se fiquei mais indignada com a reportagem, ou pelo fato desse caso ter ido parar na delegacia e consumido a noite inteira dos policiais e das acusadas. As meninas foram absolvidas, é claro, porque afinal, de acordo com o delegado, beijar não é crime. Crime é o preconceito dessa gente que não tem mais o que fazer e fica dedurando gente que tá lá inofensiva curtindo o carnaval e tentado ser feliz. Esses sim não deveriam ser absolvidos.

Mas se a primeira reportagem foi meio revoltante, a segunda foi hilária. O tal do Detetive Virtual do Fantástico foi às ruas em busca de fantasmas. O local escolhido foi o Castelinho do Flamengo. O Projeto Neblina, uma espécie de versão tupiniquim dos Ghostbusters, foi o grupo colocado na função de achar os seres do além. Parece piada, mas não é. A reportagem mostrando os tupinibusters, munidos de seus tupinighostdetectors foi exibida por quase cinco minutos em rede nacional (e internacional) no horário nobre. E o que mais me choca é que se tá passando no Fantástico, é porque deve estar cheio de gente vibrando pra ver se os fantasmas, que normalmente são tão cauteloso pra aparecer que nem saem da nossa imaginação, vão buscar a fama e mostrar as caras, ou melhor as almas, em plena televisão.

E pra terminar com chave de ouro, veio o programa do Jô (que aqui repete episódios antigos aos domingos). E com ele, a entrevista com Inri Cristo, um gringo barbudo que anda por aí dezendo que é a reencarnação de Jesus. O problema não é tanto ele dizer, mas sim o povo acreditar. O cara é convincete, e muita gente resolve dedicar sua vida a servi-lo, como é o caso das Inriquetes, suas discípulas. A entrevista foi impagável de tão absurda, com destaque pros comentários debochados do Jô.

Valeu a pena ter assisitdo a tudo isso? Bem o mal me rendeu esse post. Mas cada vez mais fico boba com o poder da televisão e como ela invade nossas casas e mentes com conteúdo que a gente não escolhe nem pode filtrar. Como uma ditadura. E nos hipnotiza de tal forma que é difícil desgarrar.

Eu termino esse blog ainda na dúvida se fiz certo em sucumbir ao patriotismo e saudades de casa e assinar a Globo…. Por enquanto continuo Vivendo a Vida.

Abaixo vai um trechinho da entrevista do Jô com Inri Cristo, que inclui algumas cantorias impagáveis das Inriquetes. Se quiserem aprender mais sobre essa figura, o You Tube tá cheio de material.



Friday, February 12, 2010

Tapa visão imaginário

Toda quinta-feira eu tenho uma reunião às 7h da manhã, resultado do mundo globalizado. Acho que posso dispensar a descrição do meu humor acordando às 5:30am pra cruzar a cidade e chegar em Mountain View a tempo…

Ontem não foi diferente, rolei da cama e fui pro trabalho que nem um zumbi. Quando cheguei lá encontrei com um menino que também estava madrugando e fomos resmungando pelo caminho até a entrada do prédio. Eu fui subindo a escada e ele parou no primeiro andar onde tem um piano (coisas de Google).

Comecei a subir os primeiros degraus até que fui pega de surpresa com o som das teclas se espalhando de mansinho e preenchendo o corredor. A melodia era Canon em D de Pachelbel, música que eu acho tão linda que ficou entre as finalistas pra minha entrada no casório. Parei. Fiquei ali na escada me deliciando com aquelas notas por alguns minutos e com aquela vontadezinha de chorar de emoção. Ao invés de continuar subindo no automático e seguir com o planejado,resolvi receber aquele presente que o momento me deu, e meu dia comecou diferente.

Várias vezes na semana e até mesmo em um único dia temos essas surpresas gostosas da vida, e a opção entre subir a escada ou desviar do planejado e dar uma paradinha pra saborear o inesperado. Mas pra isso, temos que no mínimo ficar com os olhos e ouvidos abertos pro que está acontecendo ao redor, senão a gente nem percebe, quiçá aproveita.

O meu default é traçar a linha reta e ir embora sem olhar muito pro lado, assim como cavalos com aqueles tapa visão, só que no meu caso tapas imaginárias inventadas por mim mesma. Desde pequena ouvi na escola e em casa que tenho que ter objetivos, almejar coisas, e chegar lá sem deixar nenhuma distraçao me tirar da rota. Ninguém nunca me disse pra observar o que ta acontecendo em volta e tirar proveito. Tirar proveito de uma maneira positiva: não se aproveitando dos outros, mas aproveitando o que a vida coloca no nosso caminho. Tive que aprender na marra, e ainda tô longe de dominar essa ciência.

Enfim, acho esse desligamento do que tá acontecendo em volta da gente um desperdício de aproveitamento das coisas boas da vida, e deixo aqui uma recomendação pra uma nova cadeira obrigatória no currículo escolar: osbervação dos arredores.

Bom carnaval pra todos (AAAAI, TAMBÉM QUERO!!!!). E se quiserem dar um break do samba, abaixo um pianista tocando a Canon em D pra vocês se deliciarem.

http://www.youtube.com/watch?v=ABBzejbplVQ&feature=related




Friday, February 5, 2010

Ainda no tema das resoluções de ano novo...

Sabe esses emails com powerpoints coloridos, explicando como a gente vai mudar o mundo, ou como temos que cuidar da natureza, que demoram 15 segundos pra completar cada slide porque entra uma palavrinha de cada vez, e têm uma música, na maioria das vezes clássica, de fundo? ou esses textos liiiiindos, de preferência correntes, com mil páginas, que a gente vive recebendo mas nunca (pelo menos eu nunca) abre? Entao, resolvi abrir um, e olha o que veio!!

O texto abaixo que adorei e tem tudo a ver com o meu post sobre as resoluções de ano novo. Por isso resolvi postar aqui também. Enjoy!

How not to hurry

Ommmmmmmmmm


Monday, February 1, 2010

Deliciousness!!

A palavra “pronunciation” me traumatizou, mas “deliciousness” é tudo de bom né? Não tem em português, mas se eu fosse o Aurélio faria um adendo ao dicionário pra inclui-la. Deliciosidade. Só pronunciar já é bom, imagina vivenciar.

Pois eu tava pensando em um título pra esse meu post e foi quando deliciousness me ocorreu. Não tive dúvida que esse era o termo na mosca pra trazer vocês pro estado de espírito do meu sábado. Pura deliciosidade: bom programa, boa comida e ótima compania.

O dia amanheceu lindo após uma semana de toró total. Eu e o maridão fomos ao supermercado fazer compritas pro almoço. O cardápio escolhido foi bem brasileiro: moqueca de peixe e camarão preparada pelo mestre Lucas na panela incrível que ganhamos de Eriquetz e Dani, farofa, arroz e quiche de queijo. Pra acompanhar, é claro, caipirinha com o autêntico Velho Barreiro, e o geladíssimo garantido pelo ítem mais precioso da casa: nossa choppeira. A ocasião?? Hmm, várias: relembrar o Brasil, estrear nossos novos brinquedinhos da cozinha, ver o video do casório, receber gente em casa e por aí vai.

Marcamos o almoço pras três da tarde, coisa que confunde os gringos e desconcerta o dia todo, mas deixa desconcertar. É claro que os primeiros convidados chegaram 3:01pm, e eu ainda tava no banho. Mas o importante é que depois de 3h de Lucas e eu nos divertindo na cozinha, a comida já estava toda pronto, e a nuvem de coentro, leite de coco e dendê se espalhava pela nossa casinha, que de tão pequena ficou cheirosa do leme ao pontal.

Começamos com petiscos, continuamos com a moqueca, terminamos com brownie quente e sorvete de creme + cupcakes sortidos LINDOS que a Nilofer e o Pedro trouxeram. Recomeçamos com mais petiscos, pulamos a moqueca, e voltamos pras sobremesas. E assim passaram-se oito horas de deliciosidade com muito papo, risada, causos, video do casório, e uma sensação maravilhosa de se sentir em casa. Não só pelo cardápio, mas pela compania. Pessoas que apesar de recentes na minha vida, já são tão queridas e especiais que me fazem sentir como amiga de longa data.

CLARO que senti falta demais dos amigos de realmente longa data! Mas qual não foi a minha surpresa ao descobrir que no mesmo final de semana Cintoca estava comendo sua moqueca no Bira e Debbie na casa da irmã em comemoraçao aos 33. Longe mas perto. Que deliciousness!!!