Wednesday, July 6, 2011

A tipica historia da grama mais verde do vizinho

Eu tenho crise existencial. Não sempre, mas volta e meia ela me assombra e causa estrago. Aquelas duvidas que ficam mascaradas pela correria e prazeres e que quando a gente menos espera resolvem mostrar a cara, aparecendo sem aviso ou possibilidade de devolução. Tem uma me perturbando agora mesmo…


Mês passado teve um mega evento do Google, uma conferencia com mais de 3000 funcionários. Foram três dias de palestras, demonstrações de produtos novos, debates…e muito social. Um evento incrível, mas realmente MUITO social. Os participantes variavam do CEO a secretaria. Todos aqueles diretores bam-bam-bams que sempre se ouve falar estavam lá. O que significa uma oportunidade pra nós, simples mortais, mas também um dilema interno de como aproveitar essas chances únicas pra ser notado. No mundo corporativo (assim como em muitos outros mundos), não basta fazer direito, tem que ser notado.


Quem me conhece bem sabe que posso ficar horas a fio de papo se o assunto estiver interessante, mas não me coloca pra jogar conversa fora com estranho, ou fazer small talk ou networking como eles dizem aqui nos EUA. Falar sobre o clima, o jogo de futebol ou planos para a noite com pessoas que eu mal conheço não é o meu forte. Perdi a conta de quantas vezes fiz e respondi as mesmas perguntas pra dezenas de pessoas nesse três dias, e pra ser honesta, não sei repetir a resposta de uma só delas.


Em diversos debates que assisti e até cursos que já fiz sobre networking aprendi que teoricamente basta estar realmente presente em cada conversa pra que ela se desenvolva, supere a fase "small" e fique interessante. Mas pra mim isso é um desafio e tanto especialmente num ambiente corporativo, com pessoas que eu mal conheço e ainda por cima em inglês. Ao final de três dias eu estava simplesmente exausta de tanto me esforçar pra ser social, e frustrada por tanto esforço e nem tanto sucesso.


Aí veio a nuvem negra. Será que eu nasci pra isso? Tem gente que nasceu pra ser notado, que adora jogar conversa fora e sempre faz a multidão gargalhar. Tem outras gentes, como eu, que são gente mais ouvinte, que gosta de ir fazendo as coisas aos poucos e ser reconhecido pelo trabalho final. O ideal é um pouco de cada eu admito, mas até que ponto vale a pena forçar a barra pra alcançar esse ideal? Será que os ouvintes tem vez nesse mundo business-politico.


Não se assustem! Essa não e a primeira e, provavelmente, nem a última vez que a tal crise existencial marca presença. E por um lado é bom pra me manter atenta a minha felicidade e reconhecer que é tão difícil mudar por que a situação atual tem muitos prós. Já quase joguei tudo pro alto pra estudar teatro, pra fazer produção de cinema, pra ser professora, mas apesar da empolgacão inicial, a crise passa e as insatisfações ficam soterradas e abafadas pela felicidade das conquistas.


Pra falar a verdade não sei nem se tem essa tal de profissão certa ou se é uma questão de parar de pensar que a grama do vizinho é mais verde e aproveitar o que nossa realidade tem de bom.


Mas enquanto eu não descubro, vou aproveitando a abundância de informação e tecnologia pra aprender sobre outras coisas que acho interessante e experimentar aos poucos. Esse blog mesmo e um experimento, que sabe encontro meu jardim ideal.

2 comments:

  1. Duas coisas: 1) Tb não acredito que existe a tal profissão certa. 2) definitivamente não deve ser a ingrata profissão de produção de cinema, trust me. Haha. Saudade querida!

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  2. hehe, se vc ta dizendo eu acredito!
    bjs mil

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