Friday, October 10, 2014

Perfeição

Semana passada foi Yom Kippur, data que conclui o período de dez dias contados a partir o ano novo judaico. Tiramos esse tempo para refletir sobre o ano que passou e o que esta por começar. Eu normalmente dedico tempo pra pensar sobre como estou levando minha vida, o que estou aprendendo e como quero me portar dali em diante.
Esse ano os momentos de reflexão tiveram um tema claro e recorrente que me apareceram por acaso em textos, palestras e conversas recentes: o significado da perfeição.
Por muito tempo eu tinha o entendimento de que uma pessoa perfeita era aquela que não tinha defeitos.  Que uma viagem perfeita era aquela sem imprevistos. Que uma relação perfeita era aquela sem desentendimentos.
Minha experiência no  Yom Kippur desse ano relata bem o quanto todas essas pre-concepções são equivocadas.
Planejamos ir ao serviço num lugar que não conhecíamos porem tínhamos descoberto através de uma lista de email e parecia bem interessante. Chegamos lá logo após as 6pm, horário marcado para o começo do serviço, e para nosso espanto o shofar estava sendo tocado, o que sinaliza a conclusão da cerimonia. Meu coração afundou com a ideia de ter perdido a reza toda . E ficamos sem saber o que fazer, uma vez que o jejum que é praticado nessa ocasião só poderia ser quebrado dali há uma hora, junto com o por do sol.
Fomos em busca de uma outra sinagoga na área, e graças ao Google (tinha que mencionar!), achamos uma alternativa há duas quadras dali.
Essa época do ano é a mais concorrida nas sinagogas, que muitas vezes restringem a entrada a sócios. Resolvemos tentar mesmo assim. Chegamos num prédio antigo lindo onde entramos sem nenhum problema. O interior era luxuoso mas aconchegante. A reza foi no estilo da sinagoga que eu frequentava no Brasil, portanto muito familiar. Fomos bem recebidos e a noite foi simplesmente perfeita. E perfeita justamente por ter sido diferente do que havíamos programado. Por termos lidado com o imprevisto de uma forma positiva.
Outro exemplo sobre a perfeição da imperfeição: Lucas e eu remodelamos o quarto do Benjamin. Isso incluiu, entre outras coisas, pintar as paredes de um verde clarinho. Sempre que sento na cadeira de balanço com o bebe no colo e olho para as paredes, principalmente as partes que ficaram meio borradas, me lembro dos momentos que passamos ali nos preparando para a chegada do nosso filho e sonhando em como ele seria. Cada “imperfeição” na pintura me traz recordações lindas que fazem delas a parte mais perfeita de todo quarto.
Quanto já aprendemos com nossos maiores erros? Ou com nossas discussões? Ou com coisas que no momento consideramos ruins, e portanto fora do plano da perfeição, porem sem as quais não seriamos quem somos hoje.
Enfim, esse ano estou procurando ver a perfeição nas coisas como são e não viver em busca de uma perfeição imaginária e preconcebida.
Feliz ano novo! 

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